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Viagem pedagógica – o que levamos e o que trazemos em nossa bagagem? Parte 1

Viajar é, na maior parte das vezes, uma oportunidade para entrar em contato com o diferente, para viver novas experiências e, ao fim, se sentir transformado. No papel de turista olhamos com curiosidade e interesse, mas também dificilmente deixamos de estabelecer relações com nossas referências culturais e afetivas. Não conseguimos nos despir de nossos valores, crenças e preferências.

Ao entrar em país estrangeiro relacionamos nossas comidas e bebidas com aquelas que experimentamos no país visitado; comparamos nossos problemas – de trânsito, de buracos nas ruas, de violência, os políticos… talvez o principal cuidado a ser tomado é, por um lado, não se deslumbrar com aquilo que nos parece melhor e, por outro, não desqualificar aquilo que nos parece pior.

Isso não é menos verdade quando se trata de uma viagem de estudos como esta que fizemos a Boston. Em se tratando de educadores, trazemos conosco, em nossa bagagem, princípios pedagógicos, crenças sobre a maneira como as crianças aprendem, nosso currículo e nosso enfoque metodológico. E não conseguimos analisar os lugares que visitamos sem atravessá-los por esse crivo, sem enxergá-los pelas lentes das nossas convicções.

É preciso tomar cuidado para que esses óculos não nos ceguem nem distorça nossa visão, impedindo-nos de ver algo que poderia no ajudar a repensar nossos modelos, abalar nossas certezas e nos abrir para transformações.

Isto posto, vamos compartilhar um pouco das diferentes experiências que uma viagem como esta propicia. Serão três publicações dedicadas às experiências adquiridas ao longo desta semana na região de Boston  em que pudemos dialogar com pessoas, projetos e ideias.

Visita a escolas

Ao selecionarmos e contatarmos as diferentes escolas que visitamos buscamos lugares que pudessem trazer respostas a algumas de nossas indagações, que fossem diferentes do que estamos acostumados ou que tivessem uma proposta arrojada, inovadora. Isso resultou num leque bastante diverso e interessante de instituições:

A Lincoln Nursery School, que fica dentro de um Parque/Museu, a Acera, que tem uma organização espaço/temporal/curricular peculiar; a Winsor, que é só para meninas, a Apple Orchard, que se organiza em torno da vida na fazenda, a Boston Arts Academy, que é uma High School especializada em Arte e assim por diante.

Como as escolas são os lugares que o grupo mais conhece, a visita é a situação que mais pode provocar estranhamentos.

Não tínhamos uma pauta prévia de observação, mas alguns pontos eram inescapáveis.

1. Tour na escola

Observamos a(s) construção(ões), por fora e por dentro. Aparenta ser nova ou antiga? É grande? Imponente? Pequeno e acolhedor? Tem janelas? Jardins? Como é a entrada? Tem muros e cercas ou é aberta? Apreciamos a arquitetura: o que ela nos diz sobre o projeto pedagógico? Como é a distribuição das salas? Quais espaços convidam ao convívio? Quais inspiram a reflexão.

Observamos as paredes. Elas falam. O que destacam? Quem fala por meio delas? O que falam? O que encontramos nelas? Recados, citações, dicas, avisos, regras, produções de alunos?
Onde estão os alunos? Há alunos circulando o tempo todo ou só nos intervalos? Que espaços são permitidos a eles?

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As salas de aula são um mundo à parte. Qual é o mobiliário utilizado? Como está disposto? O que há nas paredes e lousas? Quais os recursos e a tecnologia à disposição? O que fazem os alunos? E o professor?

Fun fact: Salvo engano, ao longo desta semana, não vimos nem uma sala em que o professor estivesse dando aula expositiva.

 

2. Conversa com a equipe

Outros aspectos não são tão evidentes quanto a organização do espaço, por isso a segunda parte de nossas visitas – a conversa com membros da equipe pedagógica – também foi muito importante para compreendermos cada projeto pedagógico.
Em alguns lugares, este momento foi como uma reunião, com nossos anfitriões interessados em saber um pouco mais sobre nós e nossas instituições; em outros, funcionou mais de forma expositiva – com uma apresentação mais formal sobre os princípios pedagógicos, os valores e ou sobre a estrutura curricular e os principais projetos. Fosse como fosse, neste momento, nosso grupo enchia nossos anfitriões de perguntas e eles, generosos, compartilharam conosco materiais, informações e respostas a indagações tais como:

Quanto tempo têm as aulas? Como são organizados os projetos? Como é a rotina?
Há tempo livre? Com que frequência a equipe se reúne? Quanto tempo duram os projetos? Como são as avaliações? Como é a relação com os pais? Os resultados da escola são bons? Como lidam com os alunos que têm dificuldades? Existe inclusão?
 De cada uma das escolas saímos com algumas respostas e várias ideias e inquietações para colocar em nossa bagagem.

 

Nas próximas publicações, vamos contar um pouco mais sobre as Oficinas, Aprendizagem Criativa e muito mais sobre nossa viagem pedagógica. Não perca!

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