por Beatriz Mugnaini e Caroline Ferraz
Ser professora e professor alfabetizador nos primeiros anos do Ensino Fundamental significa ser responsável pelo desafio complexo de ajudar as crianças a aprender a ler e a escrever, um marco de crescimento e de cidadania dos estudantes. Além disso, significa lidar com os diferentes saberes e experiências que as crianças têm sobre o sistema de escrita e as práticas sociais de leitura e escrita.
Assim, como considerar toda a heterogeneidade que existe dentro da sala de aula, sendo que temos um tempo didático limitado? Como considerar toda a heterogeneidade de saberes, se os objetivos de aprendizagem são os mesmos para todos e todas? Como considerar toda a diversidade de um grupo dentro dos projetos e sequências didáticas que são planejados anteriormente ao início das aulas, quando ainda não conhecemos nossos alunos e alunas?
Compreender a diversidade como uma vantagem pedagógica e planejar situações em que se considerem os diferentes saberes das crianças é uma atividade intelectual que exige muita reflexão e planejamento. Sim, é difícil, porém não é impossível. Telma Weisz (2001) nos diz que muitas vezes confundimos os processos de ensino e aprendizagem, como se fossem apenas um. Porém, a autora afirma que, na verdade, o processo de ensino dialoga com o processo de aprendizagem de nossas crianças e, portanto, ele não é único. Nossa responsabilidade, então, é criar situações em que as crianças reorganizem seus saberes sobre o sistema de escrita a partir de desafios possíveis, ajustados para elas, sem esquecer que constroem seus conhecimentos a partir de diferentes contextos em que as práticas sociais da leitura e escrita fazem sentido.
As atividades diversificadas são, portanto, mais uma estratégia didática, além das que já possuímos. Para aplicá-las, organizamos a turma em pequenos grupos, a partir daquilo que sabemos que é possível para cada grupo de crianças, mas com o mesmo objetivo didático: que as crianças avancem sobre aquilo que sabem sobre o sistema de escrita alfabético. A interação com os colegas, nessas situações, é fundamental, pois espera-se que, juntos, possam resolver problemas possíveis e contextualizados sobre a leitura e a escrita, como ler uma receita de bolo ou fazer uma lista de ingredientes para fazer compras. Além disso, o planejamento da intervenção didática é imprescindível, pois são situações que possibilitam intervenções dirigidas, específicas a cada grupo de estudantes.
Fazer isso individualmente é difícil, sabemos disso. Por isso, a troca entre professores, as reuniões pedagógicas, as reuniões individuais ou de equipe com orientadores e coordenadores e a formação continuada tornam-se tão essenciais para viabilizar o trabalho com os diferentes saberes das crianças. Diante disso, convidamos todas e todos para uma situação formativa pensada para analisar práticas, refletir e trocar experiências que permitam avançar em direção a uma atuação que atenda à diversidade de saberes, culturas e experiências dentro da sala de aula.
Esperamos vocês no curso Atividades Diversificadas: Avaliação e planejamento em salas de alfabetização, que ocorrerá virtualmente na Programação de Inverno do Centro de Formação da Vila.
WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2001.
Programação de Inverno 2024 no Centro de Formação da Vila
Veja abaixo o link de alguns cursos da nossa Programação e acompanhe as postagens no
Blog do Centro de Formação da Vila.
Como criar ambientes alfabetizadores potentes
Educação antirracista nos anos iniciais do Ensino Fundamental
Currículo e avaliação formativa nas Ciências da Natureza
Discurso argumentativo no Ensino Fundamental II: leitura, escrita e oralidade
Os jogos favorecem as aprendizagens matemáticas. Sempre? Como?
STEAM e Maker: reflexões e propostas para engajar estudantes ativos
Aprender a escrever escrevendo. Propostas didáticas para a formação de escritores competentes
Caminhos na leitura de livros ilustrados – da estética literária à perspectiva antirracista
Os nomes próprios e as palavras de referência no processo de alfabetização
Leitura literária nas aulas de inglês: língua e cultura na construção de um currículo decolonial
Atividades diversificadas: avaliação e planejamento em salas de alfabetização
Educação Digital: riscos, desafios e potencialidade pedagógica da IA na sala de aula
Minha turma é difícil! O que fazer? Ferramentas didáticas e reflexões teóricas
Rotinas de Pensamento: caminhos para tornar a aprendizagem visível
Descolonizando o Ensino: Integração da Legislação Educacional e Práticas Pedagógicas Insurgentes