Como transformar em realidade uma proposta de mudança na arquitetura curricular? Como implementar espaços e práticas inovadoras nas escolas? E como usar de modo efetivo recursos didáticos e novas metodologias que prometem favorecer os processos de ensino e aprendizagem?
Certamente não existe uma resposta única e pronta para essas perguntas. Contudo, podemos afirmar que nenhuma resposta será completa e eficaz se não mencionar a adesão, engajamento e formação docente como um dos seus elementos. Isso porque essas mudanças precisam implicar sempre um convite para que o conjunto dos educadores revisitem suas concepções e práticas profissionais e abra-se aos desafios de questionar e transformar o que não funciona e não resulta em aprendizagem para estudantes e também para os próprios professores. Nesse percurso de revisões, descobertas e (re)aprendizagens é possível e desejável que, por meio das trocas entre pares, esses educadores se desenvolvam, (re)criem e ressignifiquem seus saberes e práticas.
Inovações curriculares e pedagógicas
Essa é uma das razões pelas quais a formação docente é assumida como um pilar fundamental da implementação de quaisquer inovações curriculares e pedagógicas, sejam elas em instituições públicas ou privadas. Sem o efetivo investimento em percursos formativos consistentes e aprofundados a ponto de levar à revisão de crenças, valores, concepções e, consequentemente, modos de ensinar, é pouco provável que as inovações tenham sustentação, se concretizem nas salas de aula e ganhem vida e significado na formação dos estudantes.
Ainda que se reconheça a centralidade da formação docente nos movimentos de renovação inerentes à construção de conhecimentos, a oferta de processos formativos com essas características – e que ainda concorram para o desenvolvimento profissional dos envolvidos – têm sido fonte de preocupação e investimento dos tomadores de decisão no campo da educação e das instituições formativas.
Promover essas iniciativas em articulação com os projetos de vida dos educadores não se constitui tarefa trivial e por isso é entendido como um dos desafios institucionais mais importantes no atual contexto de implementação de políticas e programas diversos como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC); as inovações do Ensino Médio; a Lei 10.639/03 – que instituiu a obrigatoriedade da inclusão da História e Cultura Afro-brasileira no currículo – ou as iniciativas para o enfrentamento dos desafios impostos pela pandemia de Covid 19.
Formação de educadores
Um educador que aprende, pode muita coisa, mas pode pouca coisa sozinho. Uma escola que aprende, investe na formação de seus educadores e, assim, se constitui como uma comunidade de aprendizagem que poderá muita coisa junta. Por isso, fomentar o desejo de aprender e acompanhar os movimentos de renovação dos processos de aprender e ensinar entre os educadores e investir em sua formação é co-criar o futuro da educação.
Escrito por Cléa Ferreira – Coordenadora do Centro de Formação