por Elis Coelho e Paula Lisboa
Construído ao longo de anos de parceria entre sala de aula e biblioteca, este curso tem a intenção de ampliar a reflexão e oferecer ferramentas aos educadores e educadoras para a escolha de boas leituras a serem realizadas com suas turmas. Sabemos que o hábito da leitura é fundamental na formação das crianças, porém quais livros estão sendo lidos e apresentados para elas? Quais referências intelectuais e culturais estão sendo mais valorizadas?
Para além do nosso gosto pessoal e das diferentes referências culturais que trazemos, é importante aprendermos a identificar aspectos que funcionam como indicadores de qualidade literária. Organizar critérios para a seleção de títulos, contemplar a memória coletiva e intergeracional e ao mesmo tempo garantir a aproximação de novos modelos literários, ampliar as referências intelectuais e culturais em busca de uma educação decolonial: tudo isso está envolvido no trabalho da mediação de leitura e são alguns dos pontos que perseguimos para traçar caminhos na leitura de livros ilustrados.
Afinal, se sabemos que a literatura é fonte e ferramenta para a formação de referências éticas e estéticas, o que estamos ensinando para as crianças quando seguimos apresentando principalmente o imaginário europeu e o universo da pessoa branca como referência única e hegemônica?
Atravessadas por uma perspectiva antirracista, vamos refletir sobre a necessidade de ampliar referências estéticas e intelectuais, incluindo em nossas escolhas literárias uma curadoria afrocentrada, assim como literatura indígena, sem perder de vista os elementos presentes no livro ilustrado e suas incríveis potencialidades.
Em busca de uma necessária mudança de olhar, que deve ser constante e cotidiana, é preciso um movimento intencional por cada uma e cada um de nós, no sentido de trazer a questão racial para o centro de nossa prática educadora. Para isso, precisamos buscar um letramento racial, ou seja, um processo de aprender a ler o mundo considerando o atravessamento racial, presente em todas as nossas relações. A literatura possibilita o nosso próprio letramento e nos aponta caminhos para incluir a racialização em nossas práticas educadoras cotidianas.
Finalizamos com as palavras de Sonia Rosa, escritora e pesquisadora que estuda a literatura infantil afrocentrada como aliada nesse processo:
O letramento racial, a meu modo de ver, é urgente em nossa sociedade. Discutir sobre as manifestações racistas percebidas em nós mesmos e nos outros é um ato de coragem, mas também uma oportunidade de crescimento. Digo que reflexões acerca do letramento racial proporcionam uma nova maneira de olhar para essas questões. (ROSA, Sonia. Literatura infantil afrocentrada e letramento racial: uma narrativa autobiográfica. São Paulo: Jandaíra, 2022. p.38)
Programação de Inverno 2024 no Centro de Formação da Vila
Veja abaixo o link de alguns cursos da nossa Programação e acompanhe as postagens no
Blog do Centro de Formação da Vila.
Como criar ambientes alfabetizadores potentes
Educação antirracista nos anos iniciais do Ensino Fundamental
Currículo e avaliação formativa nas Ciências da Natureza
Discurso argumentativo no Ensino Fundamental II: leitura, escrita e oralidade
Os jogos favorecem as aprendizagens matemáticas. Sempre? Como?
STEAM e Maker: reflexões e propostas para engajar estudantes ativos
Aprender a escrever escrevendo. Propostas didáticas para a formação de escritores competentes
Caminhos na leitura de livros ilustrados – da estética literária à perspectiva antirracista
Os nomes próprios e as palavras de referência no processo de alfabetização
Leitura literária nas aulas de inglês: língua e cultura na construção de um currículo decolonial
Atividades diversificadas: avaliação e planejamento em salas de alfabetização
Educação Digital: riscos, desafios e potencialidade pedagógica da IA na sala de aula
Minha turma é difícil! O que fazer? Ferramentas didáticas e reflexões teóricas
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Descolonizando o Ensino: Integração da Legislação Educacional e Práticas Pedagógicas Insurgentes