A educação formal no Brasil começou logo depois da chegada dos portugueses, com a vinda dos jesuítas para cá, em 1549. A ordem religiosa tinha apenas 9 anos quando os primeiros missionários aportaram em Salvador. Vieram com o objetivo declarado de ensinar a religião e a prática cristã aos índios, mas havia também objetivos econômicos e políticos: instituir o hábito do trabalho coletivo e usar os nativos convertidos contra os ataques dos não convertidos e outros inimigos externos.
Manoel da Nóbrega, o chefe da missão, logo se deparou com um problema básico: como ensinar essa turma que não falava a mesma língua que ele, não lia e nem escrevia? Assim, uma de suas primeiras ações foi começar uma “escola de ler e escrever” e ele elaborou um plano de estudos que tinha duas etapas: a primeira priorizava o ensino de português, da doutrina cristã e a alfabetização. Na segunda etapa o aluno poderia escolher entre o ensino profissionalizante e o ensino médio, de acordo com seu desempenho na primeira.
Algum tempo depois, em 1551, essa escola se transformou no Colégio Meninos de Jesus da Bahia – que ficou conhecido como a primeira instituição escolar do Brasil. O colégio atendia até 25 internos – entre órfãos, indígenas e mamelucos, além de mais alguns poucos filhos de colonos, externos.
Ratio Studiorum
No final daquele século, em 1599, foi publicado por um padre italiano, o Ratio Studiorum que viria a ser o manual educativo “oficial” dos jesuítas, adotado em todos os seus colégios. Língua, literatura, poesia, história, retórica, lógica, combinados com matemática, geografia, filosofia ciências naturais e outras disciplinas religiosas compunham um documento curricular bem organizado e detalhado. Nele também havia a orientação da metodologia, a distribuição de prêmios que deveriam ser dados aos melhores alunos, assim como os castigos. Aliás, como bons cristãos, não eram muito afeitos aos castigos corporais e preferiam estimular as boas atitudes do que punir os erros.
Embora houvesse preleções, lições memorizadas, ditados e outras atividades típicas de uma pedagogia chamada de tradicional, surpreendentemente os alunos eram ativos, professor e aluno trabalhavam juntos e havia muita colaboração entre eles. O Ratio Studiorum foi usado por mais de dois séculos em colégios e missões não só do Brasil, mas de vários lugares do mundo.
Duzentos e dez anos depois de sua chegada ao Brasil, mais de 100 mil índios cristianizados, os jesuítas foram banidos.
Por ordem do Marquês de Pombal, tivemos nossa primeira reforma educacional e os efeitos foram catastróficos pois se destruiu o único sistema educacional existente no Brasil.
Escrito por Claudia Aratangy
Fiquem ligados e não percam as próximas publicações sobre a história da docência no Brasil.
Fontes consultadas:
Algumas considerações sobre o Ratio Studiorum e a organização da educação nos colégios jesuíticos;
O ensino jesuítico no período colonial brasileiro: algumas discussões;
Um pouco de história da docência no Brasil - Brasil Império
[…] para ler o início da história da docência no Brasil aqui: Parte 1 – Ratio Studiorum Parte 2 – Marquês de […]
Um pouco de história da docência no Brasil - Marquês de Pombal
[…] foi um bom começo. Mas, como se pode ler no Alvará de 1759, para El Rey e o Marquês de Pombal, o método além de aborrecido era culpado pela decadência do […]
Jeiza Melo Pereira
A educação formal no Brasil começou logo depois da chegada dos portugueses, com a vinda dos jesuítas para cá, em 1549. A ordem religiosa tinha apenas 9 anos e os primeiros missionários regressaram em Salvador. Vieram com o intuito manifestado de ensinar a religião e a prática cristã aos índios, mas também objetivos econômicos e políticos: estabelecer o costume do trabalho coletivo e usar os nativos convertidos contra os ataques dos não convertidos e outros inimigos externos.Em 1599, foi publicado por um padre italiano, o Ratio Studiorum que viria a ser o manual educativo “oficial” dos jesuítas, adotado em todos os seus colégios. Língua, literatura, poesia, história, retórica, lógica, combinados com matemática, geografia, filosofia ciências naturais e outras disciplinas religiosas compunham um documento curricular bem organizado e detalhado.
Dhyesse
Excelente texto, me ajudou de forma grandiosa, Obrigada!!
Rosângela
Maravilhosa explicação Jeiza Melo Pereira