Por Viviane Rei
“Ele não disse que o 35 precisa do 3 e do 5?
Então, eu acho que o 135 tem que ser assim (10035)
Porque o cem precisa de muitos zeros, ele é grande!”
(conversa entre crianças de 4 anos sobre a escrita do número 135)
O conhecimento matemático básico é um instrumento de sobrevivência indispensável para a vida em sociedade. Contar objetos, ler e escrever números, comparar, avaliar resultados, realizar cálculos e estimativas, tirar medidas, antecipar transformações, localizar-se no espaço, avaliar distâncias e tempos, considerar o ponto de vista do outro são algumas das tarefas que as pessoas enfrentam diariamente.
Ao entendermos a matemática como um bem cultural e social, a escola passa ter o papel de favorecer e propiciar a construção e apropriação de conhecimentos matemáticos relevantes e significativos em suas crianças.
Assim como outros produtos culturais, a matemática nasce e evolui a partir das situações problemas que a humanidade enfrenta e, portanto, é fundamental que seja ensinada e aprendida através da resolução de problemas e da reflexão sobre os mesmos – reflexão essa que é potencializada na interação com os demais, sejam eles da mesma idade ou não.
Precisamos sair do lugar comum de que “a matemática se aprende fazendo matemática”. Quais são esses “fazeres” matemáticos e como construímos conhecimentos matemáticos com as crianças a partir deles? Como as crianças avançam em seus conhecimentos?
Quando são dadas às crianças oportunidades de conversar acerca do universo dos números, surgem problemas genuínos de comunicação que constituem oportunidades potentes para aprender matemática. É neste pensar coletivo que as crianças são convidadas a refletir sobre os conhecimentos que já tem estabelecidos e que precisam ser compartilhados com seus pares, sendo necessário reelaborá-los para que todos possam entender do que estamos falando. Ouvir a contribuição do outro, avaliar se cabe dentro do esquema construído individualmente, se acrescenta, se modifica, se substitui… nessa intensa troca entre si e entre todos, o conhecimento se constrói e se institucionaliza dentro de um grupo pensante e colaborativo.
As rodas de conversa são importantes espaços para que toda essa dinâmica aconteça, estando a criança na posição de falante ou de ouvinte e cabe a nós, professoras da primeira infância, planejarmos diferentes propostas que coloquem as discussões como parte fundamental da aprendizagem.
O curso: Propostas para o trabalho em Matemática na Educação Infantil , que acontecerá nos dias 23 e 24 de janeiro, traz a oportunidade de entendermos melhor como trabalhar a matemática com crianças pequenas e quais as estratégias que as professoras podem lançar mão para que as rodas de conversa sejam espaços de verdadeiras trocas e reflexões por parte de nossos pequenos.