Por Lilian Ceile Marciano
O ensino da matemática nos Anos Iniciais, de forma geral, é desenvolvido com claro predomínio da aritmética: as crianças, desde muito pequenas, entram em contato com os números e as operações, que têm forte e reconhecida presença na vida social. As expectativas de nossa sociedade sobre o que a escola deve ensinar também tendem a se centrar nos saberes relacionados a aritmética: As fragilidades dos saberes geométricos são discutidas em reuniões de conselho de classe? Realizam-se conversa entre a escola e as famílias originada pela preocupação com os avanços dos conhecimentos sobre as figuras (planas ou espaciais)?
Apesar deste contexto, sabemos que não podemos desconsiderar a riqueza dos saberes geométricos quando temos por objetivo colocar as crianças em contato com aspectos essenciais da produção matemática. O ensino da geometria supõe “colocar em jogo” estratégias, um modo de pensar, formas de raciocínio específicos, favorecendo uma visão mais clara e completa da natureza da matemática como conhecimento.
Uma vez assumida a importância do ensino da geometria, os desafios não se tornam menores para as equipes pedagógicas. Ainda é preciso considerar questões relacionadas à organização do tempo didático, às aprendizagens esperadas e às estratégias de ensino: em um projeto que busca o desenvolvimento do pensamento geométrico, é suficiente que os estudantes reconheçam as figuras? O que significa esse reconhecimento? Reconhecê-la perceptualmente? Saber o seu nome é suficiente? Classificar segundo algum critério? Falar sobre as suas propriedades? Usar os conhecimentos sobre as figuras para resolver problemas?
Defendemos que – assim como ocorre em outros âmbitos da atividade matemática – para que as crianças possam desenvolver e aprofundar os conhecimentos geométricos é necessário que o conhecimento se elabore a partir da resolução de problemas que elas enfrentam. Esses problemas devem ter características tais que as permitam avançar de suas primeiras aproximações, em que as figuras são marcas no papel cuja interpretação está, fundamentalmente, baseada na percepção, para a busca de relações que permitam o início de generalizações. Estamos considerando que o ensino da geometria favoreça uma atividade intelectual que transcenda o nível perceptivo.
Essas e outras questões serão abordadas no curso “O ensino das figuras geométricas espaciais e planas nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental: Por quê? Como?”