Lançamento do guia: ‘Celular, qual a idade certa?’

por Helena Andrade Mendonça

 

Os dispositivos móveis hoje são quase uma extensão do nosso corpo, com uma capacidade enorme de nos ajudar em tarefas importantes, inclusive ‘telefonar’ para outras pessoas. Há 50 anos, a Motorola divulgava um de seus primeiros celulares, que pesava um quilo, demorava 10 horas para carregar e permitia ligações de no máximo 30 minutos. Hoje, os celulares têm muitas outras funções e a Internet é necessária para praticamente tudo que este equipamento oferece. É inegável a potência do celular no que diz respeito ao acesso, à comunicação, à mobilidade e à multiplicidade de interações. O fato é que ele favoreceu, e muito, a ubiquidade das tecnologias digitais, mas também se tornou um fator preocupante no que diz respeito, por exemplo, aos mecanismos de engajamento de plataformas e redes sociais, à coleta de dados e metadados, à publicidade que adota padrões sombrios (dark patterns), ao acesso fácil à informação, com rápida conexão e desconexão, pela sensação de anonimidade e vários outros pontos de atenção das interações na internet. Mas, nesse caso, tudo isso está na palma das mãos.

Quando os filhos pequenos começam a pedir um celular ou, mais cedo, quando um bebê para de chorar porque os olhos grudam em uma tela, o que fazer? Evitar o conflito, ter um pouco de paz e ceder? Decisões difíceis e complexas, assim como as inúmeras decisões que os responsáveis precisam tomar ao longo da vida. Apesar do tema e dos problemas serem recentes, já existe muita pesquisa, estudos, guias, cartilhas, vídeos, cursos e muito apoio para lidar com estes dilemas; e a maioria coloca limites claros no acesso às telas desde cedo (veja por exemplo o guia sobre dependência virtual da Sociedade Brasileira de Pediatria). Mas, e a sensação de ficar de fora, mais conhecida por FOMO (Fear of missing out)? E a sensação de acesso ou scrolling infinito, por exemplo, no Instagram e no Tiktok? Como temos acesso a muita informação, o incômodo em ficar de fora ou de não saber algo, é ainda mais intenso, afinal sempre há algo novo. Será que minha filha ou filho não vai ser chamado para aquela festa, porque não recebe mensagens, porque não tem celular? Afinal “todo mundo tem”! Este não é o discurso das crianças e adolescentes? Será que é realmente necessário estar conectado 24h por dia?

Estamos sujeitos a mecanismos de engajamento extremamente agressivos como notificações constantes, práticas de design duvidosas em muitos sites e plataformas. Estes mecanismos também incluem a opacidade dos algoritmos que definem nossa identidade digital e nossa bolha de acesso, dentre muitos outros. Eles são desenvolvidos e aprimorados frequentemente, pelas principais plataformas, visando nosso engajamento, nossa atenção e nosso TEMPO (veja o painel sobre Práticas manipulativas na Internet e seus impactos).

Diante desse tema tão desafiador, e a partir de um intenso debate com os coordenadores e orientadores de Fundamental 2 das escolas da Bahema Educação,  elaboramos o guia ‘Celular, qual a idade certa?’, que foi inspirado em um material da Unicef chamado ‘Más que un móvil’ e organizado a partir de várias outras produções brasileiras e estrangeiras. Ele procura oferecer mais apoio para a tomada de decisão sobre o momento adequado para fornecer um celular para os filhos e o que deve ser considerado nesse processo. O guia propõe uma reflexão sobre nossos hábitos e oferece uma seleção de recursos de instituições como a SaferNet, Unesco e materiais produzidos nas escolas do grupo Bahema. Ele pode ser acessado gratuitamente por meio do link: https://conteudo.cfvila.com.br/celular-qual-a-idade-certa. Esperamos que este material possa favorecer uma relação mais saudável com o digital para todos!

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