Tempo de conhecer, tempo de entender e tempo de vivenciar o novo
[1] Cinthia Medeiros
Quando a criança pequena adentra o mundo das experiências escolares pela primeira vez, muitas possibilidades se apresentam para uma nova etapa social, coletiva e inaugural que pode provocar uma infinidade de sentimentos e mudanças de comportamento. Por isso o início do processo de acolhimento e adaptação deve ser acompanhado por um familiar que tenha vínculo com a criança e conheça bem seus comportamentos, anseios, preferências, etc. Esse acompanhante assume, nos primeiros dias, um papel fundamental na mediação, favorecendo a apresentação do contexto da escola para o bebê ou criança e, aos poucos, esse lugar passa a ser ocupado pela professora, que vai se consolidando como uma referência de vínculo dentro da escola. Isso pressupõe que a escola seja aberta (transparente nas informações), com disposição para uma relação franca e acolhedora com cada família e que respeite o tempo necessário.
Se entendemos esse início como um processo, é necessário considerarmos o tempo de vivenciar a novidade, que se realizado de forma gradual e bem cuidada, contemplando momentos alternados entre presença e ausência do adulto de referência, pode ser um tempo de experiências permeadas de afeto, de descoberta, e não apenas de receios e dificuldades. Além disso, separar-se de sua família por um período do dia é uma possibilidade potente de crescimento, de construir recursos próprios para apropriar-se do mundo e caminhar rumo à construção da autonomia.
Por falar em tempo, trata-se de uma das dimensões mais relevantes a serem contempladas não somente no planejamento das nossas proposições pedagógicas, mas também deve aparecer como um princípio na atuação da equipe que se relaciona com as crianças e suas famílias.
É necessário entendermos que o processo de inserção dos bebês e crianças bem pequenas na escola requer o apoio da equipe pedagógica para apoiar nesse processo delicado, de inauguração e passagem. Se bem planejado, com escuta atenta às dúvidas e necessidades das famílias, orientações seguras sobre as ações realizadas, podemos garantir que o tempo de cada criança seja respeitado e que, assim, as famílias possam confiar na capacidade que suas filhas ou filhos têm em permanecer na escola e aproveitar o que ela pode oferecer.
Nesse processo, as relações escola-família apresentam-se como foco de grande atenção, caminhando para a construção de uma parceria nos cuidados e educação das crianças. Apenas de forma conjunta é possível conduzir adequadamente a inserção na escola, por isso o acolhimento é fundamental ao iniciar a vida coletiva, fora de casa.
[1] Cinthia Medeiros é pedagoga, com Pós-graduação em Gestão e Formação em Educação Infantil dos 0 aos 3 anos, além de atuar como como professora no segmento da Educação Infantil da Escola da Vila.
Os textos aqui publicados não refletem, necessariamente, a opinião do Centro de Formação.
O curso TEMPOS, ESPAÇOS E ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO: O desafio do acolhimento e adaptação dos bebês e crianças na escola que estará na Programação de Verão em janeiro, trará a oportunidade de nos aprofundarmos nesse tema. Isso se dará por meio de reflexões que irão contribuir para a ampliação de repertório com ideias de contextos e intervenções que contribuem para que as experiências de acolhimento e adaptação sejam repletas de intencionalidades e que os desafios sejam superados conforme a relação de confiança com as crianças e as famílias é estabelecida.