Papel da educação antirracista na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental

por Clarissa Brito

A proposta pedagógica antirracista e afrorreferenciada é a prática que possibilita que a escola e suas inúmeras possibilidades e potências sejam, de fato, uma grande experiência para todas as existências. 

Ao pensar a ESCOLA como território de experiências, território de vivências de construção de conhecimento, é fundamental que compreendamos o poder que a prática, ancorada na reconstrução das relações raciais, possui dentro de cada segmento escolar, quando pensamos no nosso objetivo maior de EDUCAÇÃO, que é uma transformação de sociedade, a reconstrução dos imaginários, o refazimento da maneira como nos desenvolvemos até os dias de hoje, como grupo social interracial. 

O curso O papel da educação antirracista na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental se propõe a demarcar, através dos referenciais teóricos enegrecidos e através das inspirações, de sequências didáticas e de observações e análises de escolhas docentes, o lugar e o papel que esse fazer ocupa na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental. 

No desenvolvimento de um fazer antirracista, há especificidades dentro de cada segmento escolar. Quando pensamos na Educação Infantil, por exemplo, momento de construção de imaginário, tempo de construção de lentes para a leitura de mundo, é fundamental nutrir as crianças de referenciais que as possibilitem forjar um imaginário real honesto em relação à população negra; e nas crianças pretas, possibilidades de estabelecer sua identidade negra. 

A experiência escolar que fomenta essa construção de imaginário, ao longo do tempo, vai fomentar com que crianças, quando chegarem às experiências das séries iniciais do Ensino Fundamental, consigam viver o importante espanto ao acessarem elementos históricos da construção de nosso país. Esse espanto é parte do processo de construção de pertencimento a esse território habitado e que pode ser transformado por nós.   

É fundamental formar olhos que enxerguem a sociedade como chão forjado pelo pensamento e mãos negras.

A verdade é que a vida na ESCOLA, com seus rituais e experiências de aprendizagem, pode nos (re)instrumentalizar enquanto grupo social para uma convivência de potencialização coletiva, de cura e refazimento de afetos. 

O propósito deste curso é evidenciar as tantas possibilidades de descolonização do que pensamos, do que sentimos e do que escolhemos e decidimos, enquanto pessoas que compreendem o mundo como problema nosso.

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