O planejamento de atividades de leitura: dos objetivos às estratégias

Clarissa Buzinaro e Silvia Andrade

Engajar os estudantes em atividades de leitura tem sido um desafio para muitos professores. A seleção dos textos, a clareza dos objetivos de aprendizagem, o planejamento das atividades, a avaliação e a gestão da sala de aula são aspectos fundamentais para que o trabalho com textos seja bem sucedido.

Propomos que um primeiro passo nesta direção seja compreender a leitura como uma prática social, que é realizada com estratégias distintas, a partir dos objetivos do leitor. Sendo assim, se o objetivo é aprofundar-se acerca de um tema, o leitor escolherá textos adequados a este fim, e será necessário grifar, fazer esquemas, tomar notas, resumir, buscar termos no dicionário ou em enciclopédias etc. Por outro lado, se a intenção é informar-se sobre como se inscrever em uma prova vestibular, outros textos, de outras fontes, serão lidos, e o leitor provavelmente acessará um website, anotará as informações mais importantes na agenda, ou seguirá o passo-a-passo, conforme as instruções.

Na sala de aula, é fundamental que professores e professoras conheçam ferramentas que, considerando a leitura como prática social, favoreçam tanto o engajamento dos estudantes, por meio da atribuição de sentido às atividades, quanto a construção de sua autonomia leitora.

Mas não é só, a aplicação dessas ferramentas deve estar atrelada à situação de sala de aula, a qual envolve diferentes variáveis, entre as quais a heterogeneidade. Nesse contexto, o professor deve considerar em seu planejamento a diversidade de repertórios, os ritmos de aprendizagem, as habilidades leitoras e sociais e incluir processos avaliativos que orientem o desenvolvimento desse mesmo planejamento.

Estudos como o Project Zero e pesquisas como a de Rachel Lotan e Elizabeth Cohen sobre estratégias para salas de aula heterogêneas trazem evidências de que algumas estratégias contribuem para a construção de aulas mais centradas nos alunos  e implicadas com a promoção da equidade:  a atribuição de papéis aos estudantes, o uso de instrumentos que tornem visíveis as compreensões e o ensino de estratégias de leitura por meio de organizadores gráficos.

Essas e outras estratégias serão abordadas no curso “A leitura na sala de aula: promovendo engajamento e aprendizagem por meio do trabalho com textos“. Associadas à compreensão das práticas sociais de leitura, essas ferramentas podem funcionar como instrumentos significativos para a aprendizagem, a fruição leitora e a participação cidadã.

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