Em sua etimologia, a palavra “currículo” se refere ao “caminho em que se corre”. A educação básica se baseia em aspectos e etapas do desenvolvimento humano, bem como em contextos locais e global para definir normativos, legislações e documentos que pautem e favoreçam a construção desse caminho a ser percorrido por crianças e adolescentes nas instituições educacionais. A Constituição Federal, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, as Diretrizes Curriculares Nacionais e a Base Nacional Comum Curricular são exemplos desses referenciais no Brasil.
Construir o currículo a partir dessas referências e das particularidades de cada contexto educativo significa, portanto, abrir a estrada pela qual os estudantes vão vivenciar suas trajetórias na escola. Ao invés de entrar com eles mato a dentro, lhes oferecemos um percurso e dotamos, com isso, nossas práticas pedagógicas de intencionalidade.
As chances de sucesso nesse percurso se tornam ainda maiores quando caminha junto com essas práticas, passo a passo, a avaliação. Em oposição a uma perspectiva tradicional, em que se aplica uma prova final, geralmente de múltipla escolha, para rankear, aprovar e reprovar os alunos, está a perspectiva formativa da avaliação. E o que isso significa?
Educação baseada em evidências
Os documentos normativos aqui aludidos pressupõem que a avaliação deve ser contínua, cumulativa, processual e se comprometer com o desenvolvimento integral dos estudantes. Assim vista, ela é uma parceira deles. E apenas será formativa se existir um “depois” da mera aplicação. Por isso, tem-se falado com tanta constância em educação baseada em evidências. Os dados coletados através de instrumentos avaliativos estão no estágio de uma matéria-prima, precisam, portanto, ser tratados, examinados e utilizados para se converterem em um produto útil ao desenvolvimento dos alunos.
Além do trabalho de avaliar, impõe-se à educação contemporânea o desafio de avaliar por competências e diferentes aspectos do desenvolvimento, não apenas o cognitivo, mas também aspectos físicos, sociais, afetivos e emocionais. Não é uma tarefa fácil. Temos muito a aprender e descobrir sobre como fazer isso com eficiência. Mas é urgente que comecemos a enfrentar esse desafio.
Critérios da Avaliação Formativa
A Avaliação Formativa é, assim, uma das perspectivas-chave de um currículo educacional eficiente. A partir das expectativas de aprendizagem definidas nele, para transformar esse conceito de avaliação em realidade, é preciso estruturar os critérios a partir dos quais se fará o acompanhamento da aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes, sem tirar do horizonte a educação integral. Assim, se poderá pautar a construção de instrumentos e práticas eficientes à aferição dos desempenhos dos alunos.
É a partir desses critérios também que se evidenciam as possibilidades de medição e verificação quantitativa e qualitativa nos ciclos de aprendizagem. E que se diferenciam essas possibilidades daquilo que será o olhar constante e atendo do professor para a avaliação. Assim, numa visão formativa, deve-se considerar dados aferíveis quantitativamente, aferíveis qualitativamente e mesmo dados não-aferíveis, mas que compões a visão docente e devem se somar aos outros. O tão comum conselho de classe é uma excelente oportunidade de se trazer esses dados não-aferíveis, combinando-os com os demais para se chegar a conclusões mais assertivas sobre o desempenho dos estudantes.
Retornando ao nosso ciclo, que se inicia com a definição de expectativas de aprendizagem e passa pelos critérios de verificação, ele continua com o uso desses critérios na composição de instrumentos, aplicação e diagnóstico dos níveis de desempenho. Segue-se a esse diagnóstico a interpretação pedagógica dos dados, olhando com acuidade para pontos críticos de não-correspondência às expectativas de aprendizagem. E assim tem-se o produto para pautar uma prática pedagógica baseada em evidências.
Ciclo de Aprendizagem
Se o currículo define o caminho pelo qual os alunos vão trilhar sua vida escolar, a avaliação numa concepção formativa é uma aliada fundamental para assegurar o sucesso desse caminho. Através dessa visão, devem se concretizar práticas e instrumentos avaliativos que comecem em expectativas de aprendizagem extraídas do currículo e terminem sempre em ação educativa.
Escrito por Bianka de Andrade Silva – Gerente de Currículo, Formação e Avaliação da Escola Mais
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