Jornadas Pedagógicas

Jornadas Pedagógicas de São Paulo – fortalecendo a rede, formando leitores

Em 2019, os 60 mil educadores e gestores da rede municipal da Educação Infantil pararam simultaneamente por duas vezes para discutir educação. Em diferentes lugares da cidade – CEUs, bibliotecas, universidades, instituições culturais, escolas e outros espaços – as equipes foram convidadas a refletir sobre diferentes temas como sustentabilidade, discriminação, leitura, entre outros.

A gente sabe que o fortalecimento da educação e o desenvolvimento profissional de educadores e gestores depende de ações permanentes, sistemáticas, vinculadas ao cotidiano das unidades escolares – sejam CEUs, CEIs ou EMEIs. Ações como reuniões pedagógicas, que envolvam leitura de pesquisas e estudos, debates, simpósios internos, planejamento, avaliação, análise e tematização da prática pedagógica; os cursos de formação ou de pós graduação; a participação em congressos e palestras; a escrita de artigos ou de documentos – que fazem parte do dia a dia de uma rede de educadores que levam a sério sua profissão.

Mas isto não invalida essa parada de um dia. É emblemático que todos os educadores e educadoras, que fazem parte de uma rede enorme como a do município de São Paulo – tenham a dimensão da magnitude desta rede e que, sobretudo, sintam-se parte dela. E, no caso da leitura de literatura, essa consciência é ainda mais relevante, conforme destacarei adiante.

Tive o prazer e a honra de participar, a convite do Comitê de Cultura do Grupo Mulheres do Brasil das duas edições: em junho, no CEU São Mateus e, agora em novembro, no CEU Jaçanã. Fui muito bem acompanhada em ambas as vezes. Na primeira, por Dolores Prades e Mariana Mendes e, na segunda, por Débora Thomé, Janine Durand e Luciana Gerbovic – um timaço de especialistas em literatura, particularmente a infantil e, também, na formação de mediadores.

É muito impressionante ver os teatros lotados – 500 educadores pela manhã e 500 à tarde – em cada uma das Jornadas, dispostos a ouvir e dialogar sobre a importância da literatura na primeira infância – tema que abordamos.

Jornadas Pedagógicas
Jornada Pedagógica no CEU Jaçanã – Foto Ana Mesquita

Alguns objetivos da educação, como, por exemplo, tornarmo-nos um país de leitores, só serão atingidos quando as instâncias públicas assumirem esta tarefa com seriedade e continuidade, mantendo as políticas de compra de livros e assinaturas de revistas e a criação de espaços escolares e extra-escolares para leitura e, sobretudo, promovendo ações para a formação de comunidades leitoras. Sim, comunidades. Porque, embora ler seja um ato intelectual e solitário, formar-se como leitor é uma atividade coletiva, de integração, colaboração, diálogo e construção compartilhada de sentidos. Sendo assim, não basta aprender a ler – é fundamental ser iniciado numa comunidade de leitores – e isso pode (deve!) ocorrer mesmo antes de as crianças serem alfabetizadas.

Esses encontros imensos nas Jornadas Pedagógicas, em que lemos, falamos de leitura de literatura, debatemos os critérios de escolha de livros, enfatizamos a importância de educadores e educadoras serem também leitores, compartilhamos a relevância da leitura para uma formação mais humana, solidária e, também crítica – são um sinal inequívoco de que se quer valorizar a leitura como direito humano.

O caminho é longo, há obstáculos – principalmente na formação inicial de professores, que não dá à leitura literária do graduandos e graduandas, lugar de destaque – mas seguiremos, nos espaços em que atuamos, buscando sempre abrir mais e mais portas e janelas para o universo fundamental da literatura.

Escrito por Claudia Aratangy

 

Saiba mais sobre a Jornada Pedagógica.
Ouça o podcast sobre formação de leitores com Janine Durand.

Créditos Imagem destacada: Janine Durand, Claudia Aratangy, Débora Thomé e Luciana Gerbovic.
Foto Ana Mesquita

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